A aliança dos estados do Sahel e os desafios à integração regional Africana: Implicações para a União Africana e a CEDEAO

Abstract

O Golpe militar da República da Guiné e, mais concretamente, a formação da Aliança dos Estados do Sahel (AES), composta por Mali, Burkina Faso e Níger, representa uma das mais profundas rupturas políticas e institucionais no espaço da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e, por consequência, um desafio directo à União Africana (UA). A crise revela-se não apenas como um processo de realinhamento estratégico e securitário, mas também como um reflexo da fragilidade das instituições regionais perante a ascensão de governos militares, o aumento da presença de grupos para-militares externos, como os de origem russa, e o agravamento da instabilidade social e humanitária. Este estudo analisa de forma crítica os antecedentes históricos que levaram ao surgimento da AES, as consequências imediatas para a integração regional africana e os impactos sobre a UA e as organizações sub-regionais, em particular a CEDEAO. Examina-se igualmente o papel que o actual presidente em exercício da UA, João Lourenço, pode desempenhar na mediação das duas crises no Sahel e nas negociações futuras entre os blocos regionais. A pesquisa fundamenta-se em relatórios oficiais, fontes primárias e secundárias, bem como em estudos académicos recentes, oferecendo uma visão abrangente sobre os desafios e as possibilidades de recomposição do espaço político africano no contexto contemporâneo.