Fotografia de ativismo ambiental: O valor de ensaio fotográfico da série Plastic Trees (2014) de Eduardo Leal

Abstract

A presente crise ambiental incentivou uma vaga de ações criativas cujas obras, pela presença de uma narrativa de protesto, adquirem uma natureza ativista. Alicerçada no campo da Cultura Visual, esta pesquisa pretende identificar as possibilidades do ensaio fotográfico enquanto elemento de discurso de protesto ambiental, estabelecendo como objeto de estudo a série Plastic Trees (2014) do fotógrafo português Eduardo Leal (Porto, 1980), um retrato da poluição no Altiplano Boliviano. No primeiro capítulo, integra-se o surgimento do conceito de fotografia ambiental na Cultura Visual e nos fatores que levaram ao aparecimento do Ambientalismo enquanto movimento cultural, e averigua-se a forma como as preocupações ambientais foram retratadas na fotografia, desde as primeiras manifestações ambientalistas à emergência do movimento ambientalista contemporâneo originário na década de 60. Segue-se uma perspetiva histórica da utilização da fotografia como prática de ativismo. Defende-se a importância da documentação visual como estímulo para a discussão dos problemas no espaço público, demonstrando o peso que a fotografia desempenhou no despertar da consciência ambiental. Num segundo momento, faz-se uma análise da série fotográfica Plastic Trees, à qual é atribuída o valor de ensaio fotográfico, por reunir um conjunto de qualidades intrínsecas ao género. Identificam-se os elementos das imagens que formam a sua retórica visual e que as capacitam enquanto ferramentas de ativismo ambiental, e reconhece-se como principal fator de sucesso da missão destas imagens, a opção por uma estética do sublime tóxico, ou esteticização da poluição, enquanto abordagem experimental e alternativa aos meios convencionais de denúncia.

The current environmental crisis held to a wave of creative actions, whose works, through the presence of a narrative of protest, earns activist outlines. Rooted in the visual culture field, this research aims to identify the possibilities of the photoessay as an element of environment protest discourse, establishing as object of study, the photoessay Plastic Trees (2014) by photographer Eduardo Leal (Porto, 1980), a portrait of pollution in the Bolivian Altiplano. The first chapter integrates the rise of the environmental photography concept in Visual Culture and the factors that led to the emergence of Environmentalism as a cultural movement. It also investigates how environmental concerns were portrayed in photography, since the first environmentalist manifestations, to the emergence of the contemporary environmental movement originating in the 60s. A historical perspective follows on the use of photography as a practice of activism. The importance of visual documentation is defended as a stimulus for discussing problems in public space, demonstrating the importance photography played in the awakening of environmental awareness. In a second step, the dissertation analyzes the photographic series Plastic Trees, which is attributed the value of a photo essay. The elements of the images that form their visual rhetoric and that enable them as tools of environmental activism are identified, and the option for an aesthetic of the toxic sublime, or aestheticization of pollution, is recognized as the main success factor of the mission of these images. , as an experimental and alternative approach to conventional means of reporting.